Seis dias depois de ter aberto as portas para receber mulheres afetadas pela enchente, a Casa Violeta, no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, foi apresentada ao governador Eduardo Leite nesta terça-feira (4) por seu marido, o médico Thalis Bolzan, que trabalhou no projeto desde o início. Thalis, que se divide entre Porto Alegre e São Paulo, onde trabalha, tirou férias dos dois empregos para se dedicar ao Rio Grande do Sul nesse período crítico. Pediatra com especialização em endocrinologia, não queria ser apenas mais um médico voluntário e optou por trabalhar em um projeto de proteção a mulheres e crianças desabrigadas.
Secretários de diferentes áreas fizeram um mutirão que permitiu, em 13 dias, dar vida ao prédio do antigo colégio Roque Callage, vazio desde a reinauguração do Instituto de Educação, depois de ter abrigado os alunos durante a reforma. Na correria das viagens e das sucessivas reuniões para tratar da reconstrução, Leite não conseguiu acompanhar as obras de transformação da antiga escola em um abrigo que será a casa de dezenas de mulheres por até 12 meses.
Mal chegou à Casa Violeta e Leite foi levado à sala de acolhimento, primeiro contato das mulheres que chegam de outros abrigos. Na parede está um painel capaz de arrancar lágrimas até de quem está calejado pelas cenas da tragédia: são os envelopes com as cartinhas de crianças de diferentes Estados com mensagens de apoio a crianças gaúchas. Aquelas mensagens com caligrafia caprichada, assinadas por brasileirinhos que nunca pisaram no Rio Grande do Sul, comoveram o governador e os secretários que acompanharam a visita.
Leite conheceu as áreas comuns da casa, com espaço para as crianças brincarem, e testemunhou a popularidade de Thalis entre as meninas e meninos, que mostravam suas habilidades fazendo estrelinha “com uma mão só” na sala de estar. Ágata e Rafaela disputavam o tempo todo o direito de pegar na mão do moço que conquistou as moradoras adultas pela simplicidade e pelo carinho com seus filhos.
Fonte: GZH