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Como o Plano Real deu fim a inflação que “comia” dinheiro dos brasileiros

Publicada em 30/06/24 às 17:27h - 15 visualizações

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Como o Plano Real deu fim a inflação que “comia” dinheiro dos brasileiros
 (Foto: Marcello Casal Jr, Agência Brasil)


Na próxima segunda-feira (1º), o Plano Real completa 30 anos. O projeto, que ficou conhecido por dar fim a era da hiperinflação e instituir a atual moeda brasileira, foi o primeiro que teve sucesso depois de seis tentativas falhas e se concretizou em três fases para garantir a transição para um novo momento da economia brasileira.

Como era o Brasil antes do Plano Real?

A elevada inflação era destaque da realidade brasileira pré-Plano Real. João Frois Caldeira, doutor em Economia e na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), destaca que, no processo de hiperinflação, o governo gastava mais do que arrecadava, por isso emitia mais moeda para pagar os gastos.

— Isso fazia com que esse processo inflacionário meio que se “retroalimentasse”. A gente tinha o que chamamos de inflação inercial, que é quando a inflação do passado alimenta a inflação para o futuro — afirma o professor.

Nesse cenário, a inflação no Brasil chegou ao patamar de 50% ao mês no período anterior ao da implementação do Plano Real, o que significa uma inflação anual de 12.500%, detalha o professor.

Entre as possíveis explicações para esse processo inflacionário estariam um período de desenvolvimento intenso impulsionado por gasto público na década de 1970, o que gerou um grande endividamento do país. O economista aponta que esses altos gastos, aliados com aumento de juros no exterior, resultaram no cenário visto nos anos 1980 e 1990.

—  Tiveram todos os problemas na década de 1970, 1980, aumentos de juros nos Estados Unidos que tornou difícil pegar empréstimos fora do país em dólares. É aí que houve o default de dívida externa do Brasil na década de 1980. Em função disso, o canal para financiamento acabou sendo via a emissão de moeda. Quando você faz esse processo, você vai colocando mais dinheiro em circulação e isso faz com que ele perca valor — afirma João Caldeira.

Jaime César Coelho, doutor em Ciências Sociais e professor do departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSC, destaca que a economia brasileira tinha maior presença industrial no período anterior ao Plano Real do que na época que o sucedeu.

— Desde a crise da dívida externa do início dos anos 1980, o Brasil sofria de insuficiência de poupança externa e dedicava boa parte dos esforços para gerar receitas cambiais, ao mesmo tempo em que tinha dificuldades profundas na geração de investimentos, tanto públicos como privados. Esse quadro foi caracterizado por uma desestruturação da capacidade de planejamento de longo prazo — explica Jaime.

Instabilidade impossibilitava a organização financeira

Já Luiz Edson Feltrim, ex-Diretor de Relacionamento e Cidadania e ex-chefe do Departamento de Organização do Sistema Financeiro do Banco Central do Brasil (BCB), que atuava no órgão durante a implementação do Plano Real, relembra a instabilidade vivida na época, que impossibilitava prever gastos ou planejar uma organização financeira.


Inflação descontrolada chegou a 2.500% ao ano antes do Plano Real, que completa 30 anos

— O cenário era péssimo. Porque você não tinha previsibilidade, você não tinha como fazer previsão orçamentária. Você tinha o overnight, que você aplicava e ganhava o recurso, todo dia aumentava. Só que para quem recebia o dinheiro uma vez por mês e tinha que gastar, quando chegava no final do mês ele já não tinha aquela validade — afirma Luiz Edson.

O ex-colaborador do BCB explica que diversas instituições financeiras, na época, lucravam à base do flutuante inflacionário, que era o rendimento a partir do dinheiro deixado na conta e aplicado pelo banco no mercado financeiro. Porém, com a implementação do Plano Real, alguns bancos não sobreviveram.

— Muitas instituições sobreviviam disso e não da própria intermediação. Tanto que a relação crédito-PIB na época era muito baixa. O sistema financeiro não cumpria o seu papel de ser o grande agente do desenvolvimento econômico social do país — afirma Luiz Edson.

Como foi a implementação do Plano Real

O ex-chefe do Departamento de Organização do Sistema Financeiro do BCB relembra que o Plano Real deu certo após seis planos que deram errado. Primeiro houve o ajuste da inflação e, depois, o tripé macroeconômico baseado em meta de inflação, câmbio flutuante e ajuste fiscal.

— Isso deu uma sacudida grande no mercado e no sistema financeiro como um todo, porque os bancos são os agentes que fazem a reciclagem da poupança, de quem tem poupança para quem precisa do crédito. E com isso o Plano Real, com estabilidade financeira e monetária, ressuscitou o efeito do poder de compra da moeda — afirma.

Para Luiz Edson, o destaque para o plano dar certo foi a integralidade dos atores, que trabalharam em conjunto com o apoio de Itamar Franco, Presidente da República na época. Essa união de esforços resultou no controle efetivo da inflação.

— A partir do do governo, em articulação com o Congresso e todo o executivo, se trabalhou de forma coordenada. E, especialmente, a política fiscal e a política monetária trabalharam coordenadamente e fizeram a entrega que nós temos hoje — relembra.


Quais foram os planos que antecederam o Real na batalha contra a inflação

O professor Jaime Coelho aponta como pontos chave do Plano Real a renegociação da dívida externa, entre 1992 e 1994, e o aporte de recursos externos para servir de colchão de liquidez para utilização da âncora cambial, que serviu como base para combater a inflação.

— A valorização da moeda e a abertura comercial geraram um freio nos preços internos, ao mesmo tempo que aumentaram as importações, o que parcialmente foi compensado pela liquidação e venda de ativos públicos e privados e pelo ciclo inicial de liquidez internacional durante o ano de 1994 — afirma.

O professor da UFSC, João Caldeira, destaca o mecanismo utilizado pelo Plano Real, em que a economia foi completamente indexada por um período para ser desindexada logo depois. Esse processo ocorreu com o uso da Unidade Real de Valor (URV), uma espécie de moeda que fez a transição do Cruzeiro Real para o Real.

— Criou-se uma “moeda”, que foi a URV. Aí você cria uma paridade dessa URV com o dólar e tem um sistema de preço funcionando com a URV. Só que ela nunca foi um meio de pagamento, era apenas para definir um sistema de preços — explica.

O uso da URV acabou com a memória inflacionária, explica o professor, já que as pessoas associavam o Real à URV e foi criada uma memória de não haver muita inflação com ela. A inflação ainda era observada no período, mas em Cruzeiro Real, que continuava sendo utilizado para os pagamentos. 

Plano Real foi positivo para a economia, mas com cautela

A cotação da URV com o dólar era semifixa, o que se manteve com a moeda nova, e auxiliou a conter a inflação no período, aponta o professor de Economia. Atualmente, 30 anos após a implementação do plano, o economista avalia que os resultados foram indiscutivelmente positivos.

— Em termos de estabilidade e melhoria na distribuição de renda, sem dúvida nenhuma que o resultado do Plano Real foi muito positivo e de grande impacto para o Brasil. Muita gente hoje em dia não tem noção de qual era a inflação que nós vivemos há 30 anos — afirma João.

Já o professor da UFSC, Jaime Coelho, afirma que o resultado deve ser visto com cautela, ainda que ter uma moeda estável seja fundamental para a economia. Contudo, ele explica que os objetivos dos criadores da moeda não foram atingidos por completo.

— O real permaneceu sobrevalorizado durante um período suficiente para agravar uma tendência de longo prazo: a desindustrialização. Os arquitetos do real esperavam que a valorização inicial da moeda pudesse ao mesmo tempo controlar a inflação e gerar um choque de competitividade, aumentando no médio prazo a produtividade da indústria. O primeiro objetivo foi atingido, mas o segundo não — destaca.

Relembre todas as moedas da história do Brasil

Em 1º de julho de 1994 foi instituído o Real, cuja unidade equivalia a CR$ 2.750,00. Sem corte de zeros ou cédulas carimbadas, o Banco Central substituiu todo o dinheiro em circulação no país (Foto: Reprodução)

O pau-brasil, tecido de algodão, açúcar, fumo e o zimbo (tipo de concha) foram utilizados como elemento de troca entre nativos e europeus. Essas “moedas” continuaram sendo usadas após o início da circulação das moedas metálicas (Foto: Reprodução)

Começaram a circular moedas trazidas pelos portugueses e outros viajantes. O fluxo de moedas de prata espanholas aumentaram significativamente com a união das coroas de Portugal e Espanha (Foto: Reprodução)

Com a permanência dos holandeses no Nordeste entre 1630 e 1654, foram cunhadas as primeiras moedas no Brasil, chamadas soldos e florins – nestas últimas, a palavra “Brasil” aparecia no reverso (Foto: Reprodução)

Em 1642, o rei de Portugal, Dom João IV, mandou carimbar as moedas portuguesas e espanholas, o que aumentou seu valor (Foto: Reprodução)

Em 1694, o governo português criou na Bahia a primeira Casa da Moeda, sendo que todas as moedas da Colônia seriam transformadas em moedas provinciais. A Casa da Moeda foi transferida em diversas ocasiões, estabelecendo-se também no Rio de Janeiro e Pernambuco (Foto: Reprodução)

Circularam por 139 anos, de 1695 a 1834. Eram moedas de prata nos valores de 20, 40, 80, 160, 320 e 640 réis. O valor de 320 réis chamou-se pataca e batizou a série (Foto: Reprodução)

No apogeu do ciclo do ouro foram cunhados dobrões de ouro nos valores de 400, 1.000, 2.000, 4.000, 10.000 e 20.000 réis, este último com 53,78 gramas, figurando entre as moedas de ouro mais pesadas do mundo (Foto: Reprodução)

Em 1727, surge a imagem do rei em uma das faces da moeda e as armas da Coroa Portuguesa na outra. Chamados de escudos, deram início à expressão “cara ou coroa” (Foto: Reprodução)

Foram cunhadas moedas em prata de 600, 300, 150 e 75 réis visando facilitar o comércio na região das minas. Como os valores eram próximos aos das patacas, nas novas moedas foi gravado o “J”, inicial do nome do rei D. José I (Foto: Reprodução)

Nas moedas em ouro de 1777 a 1786, a rainha apareceu retratada ao lado do marido D. Pedro III. Após a morte do rei, foi representada portando véu de viúva e, terminado o luto, apareceu com um toucado com fitas e joias (Foto: Reprodução)

O ciclo do outro em decadência e a implantação da administração no Rio de Janeiro obrigaram D. João a criar o Banco do Brasil em 1808, que foi o primeiro banco da América do Sul. Depois de dois anos foram emitidos os primeiros bilhetes, precursores das cédulas atuais (Foto: Reprodução)

Para comemorar a elevação do Brasil à categoria de Reino Unido, em 1815 foram cunhadas moedas especiais em ouro, prata e cobre com a legenda “Joannes. D. G. Port. Bras. Et. Alg. P. Reg.”, que significa “João, por graça de Deus, Príncipe Regente de Portugal, Brasil e Algarves” (Foto: Reprodução)

Em comemoração à coroação de D. Pedro I como Imperador do Brasil em 1822, foram cunhadas as “Peças da Coroação”, moedas de 6.400 réis em ouro que não caíram nas graças do novo imperador. Assim, as 64 moedas se tornaram as mais valiosas da coleção brasileira (Foto: Reprodução)

Logo após a independência, as moedas de ouro e prata tiveram as Armas de Portugal substituídas pelas do Império, acrescentando ainda “In hoc signo vinces”, frase que significa “Com este sinal vencerás” (Foto: Reprodução)

A efígie do rei apareceu nas moedas cunhadas durante os quase 60 anos do reinado, registrando as várias fases de sua vida (Foto: Reprodução)

Em 1834, a Casa da Moeda cunhou uma série de moedas em prata para substituir as patacas. O valor de 400 réis deu nome à série, o cruzado (Foto: Reprodução)

Com o Tesouro Nacional assumindo o monopólio das emissões, novas cédulas passaram a ser produzidas na Inglaterra para substituir as notas do Banco do Brasil e as cédulas para o troco do cobre. Mais modernas, possuíam características para dificultar a falsificação (Foto: Reprodução)

Na condição de único emissor, iniciou as atividades em 1854 através da fusão do Banco do Brasil com o Banco Comercial do Rio de Janeiro em 1857 (Foto: Reprodução)

Com a expansão do uso de cédulas, as moedas foram destinadas ao troco. Em 1868, o cobre deu lugar ao bronze e, após dois anos, surgiram as moedas de cupro-níquel, metais mais resistentes ao uso cada vez mais frequente (Foto: Reprodução)

O Réis foi mantido após a Proclamação da República em 1889. As moedas de ouro e prata receberam gravação do brasão da República no lugar da imagem do imperador (Foto: Reprodução)

Em 1896, o Tesouro Nacional passou a ser novamente o único responsável pela emissão, sendo que as cédulas emitidas por outros bancos foram substituídas pelas do Tesouro Nacional (Foto: Reprodução)

Em 1900, por ocasião da data, a República liberou moedas comemorativas em prata nos valores de 400, 1.000, 2.000 e 4.000 réis (Foto: Reprodução)

A partir de 1918 foram cunhadas uma série de moedas em cuproníquel para substituir cédulas de pequenos valores e moedas antigas, sendo que a moeda de 100 réis passou a ser chamada tostão (Foto: Reprodução)

Em 1942, para uniformizar o dinheiro – havia 56 tipos diferentes de cédulas circulando no país – ocorreu a primeira mudança no padrão monetário no Brasil, com o Réis dando lugar ao Cruzeiro. Um cruzeiro correspondia a mil réis (Foto: Reprodução)

A desvalorização do Cruzeiro levou à criação de um padrão para vigorar enquanto se preparasse as novas cédulas. As cédulas do Cruzeiro Novo foram aproveitadas do Cruzeiro. Mil cruzeiros correspondiam a um cruzeiro novo (Foto: Reprodução)

A moeda voltou a se chamar Cruzeiro, mantendo a paridade com o Cruzeiro Novo. Um cruzeiro novo correspondia a um cruzeiro (Foto: Reprodução)

A inflação galopante dos anos 1980 exigiu um novo padrão monetário, o Cruzado. Grande parte das cédulas do Cruzado foi aproveitada do Cruzeiro, com carimbos ou legendas adaptadas. Um cruzado equivalia a mil cruzeiros (Foto: Reprodução)

O Cruzado Novo era equivalente a mil cruzados. O três últimos valores emitidos em cruzados receberam carimbos em cruzados novos para, posteriormente, serem liberadas as cédulas do novo padrão (Foto: Reprodução)

O Cruzeiro retorna, com unidade equivalente a um cruzado novo. Circularam cédulas carimbadas e legendas adaptadas até a liberação das cédulas do padrão (Foto: Reprodução)

Assume o Cruzeiro Real, cuja unidade era equivalente a mil cruzeiros. Aproveitou-se as cédulas do cruzeiro e emitidas novas cédulas (Foto: Reprodução)

Em 1º de julho de 1994 foi instituído o Real, cuja unidade equivalia a CR$ 2.750,00. Sem corte de zeros ou cédulas carimbadas, o Banco Central substituiu todo o dinheiro em circulação no país (Foto: Reprodução)



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