O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou, nesta quarta-feira (17), um foco da doença de Newcastle (DNC) em um estabelecimento de avicultura comercial de corte, localizado no município de Anta Gorda, no Rio Grande do Sul. A doença é causada por um vírus que afeta aves domésticas e silvestres, provocando sinais respiratórios, frequentemente seguidos por manifestações nervosas, diarréia e edema da cabeça nesses animais.

Nesta sexta-feira (19), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou uma medida urgente para conter a propagação de doenças entre os animais no estado. Foi publicada uma portaria declarando estado de emergência zoossanitária, com validade de 90 dias. A declaração visa evitar a rápida disseminação das doenças entre os animais, permitindo ao governo agir preventivamente contra possíveis surtos. Segundo o Mapa, a medida inclui vigilância epidemiológica intensificada e a aplicação rápida de procedimentos para eliminar o foco da doença.

Entre as ações previstas estão o sacrifício ou abate de aves onde o foco da doença foi confirmado, a limpeza e desinfecção das áreas afetadas, a implementação de medidas rigorosas de segurança sanitária, a criação de zonas de proteção e vigilância num raio de 10 km ao redor das propriedades afetadas, além da instalação de barreiras sanitárias. Essas medidas têm como objetivo principal proteger a saúde dos animais e evitar prejuízos significativos para a agricultura e pecuária da região.

O Ministério da Agricultura afirma que “a população não deve se preocupar e pode continuar consumindo carne de frango e ovos, inclusive da própria região afetada”. Para falar sobre este assunto, a Uirapuru entrevistou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin. Em 2023, Ricardo foi eleito também presidente do International Poultry Council (IPC), entidade máxima da avicultura mundial.

Gaúcho e natural de Marau, Santin possui amplo conhecimento deste setor que é responsável por milhares de empregos não só na região, mas em nível nacional. Ricardo explicou que a doença afeta apenas as aves e não é transmitida para as pessoas através do consumo de carne de frango ou ovos. No entanto, nas aves, a doença é severa, frequentemente causando mortalidade.

Ricardo destacou que a situação acarreta consequências econômicas, como o fechamento de exportações para países com acordos comerciais. Destinos como Argentina e União Europeia estão suspensos, enquanto países como Marrocos têm restrições apenas para carnes provenientes de cidades próximas ao foco. Cada país determina suas medidas dentro dos acordos sanitários.

Para Ricardo, os procedimentos de defesa adotados serão suficientes para evitar novos casos, e em breve a situação deverá ser normalizada. Ele ressaltou que, em 21 dias, uma granja onde o vírus foi detectado poderá retomar a produção.

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