O morador do Bairro Carneiros, em Lajeado, Milton Alves, perdeu a esposa e grande parte casa onde morava nas enchentes que assolaram o Vale do Taquari.

Em setembro de 2023, precisaram aguardar salvamento em cima do telhado da casa. Na época, ele e a esposa optaram por ficar na residência porque a informação inicial indicava que a enchente atingiria uma cota próxima a cheia de 2020, que não alcançou sua casa

Ao receber a confirmação de que a cheia seria maior, não havia mais lancha para socorrê-los. Quando os bombeiros chegaram, ele ajudou os familiares e inquilinos, dando prioridade a eles. No momento em que o helicóptero levava a esposa de Alves, ventava muito e o cabo começou a girar. O equipamento não aguentou e acabou rompendo. A mulher caiu na vertical e o bombeiro bateu com o rosto na água, vindo a desmaiar. Ela tentou nadar, mas estava sem colete e acabou se afogando. O bombeiro foi internado em estado grave, mas sobreviveu.

"Saber da morte é uma coisa, mas presenciar é bem diferente, é difícil", lamenta Alves

Hoje, ele tem uma nova companheira a quem atribui sua volta por cima, pois foi quem ajudou a superar o que viveu.

Alves aprendeu a lidar com as enchentes. Na cheia de maio ele não permaneceu na casa. "Em todas as enchentes que peguei, me abracei na Rádio Independente para me manter informado", destacou.

Alves contabiliza perdas de 80% dos bens conquistados nos 40 anos de trabalho. Ele relata que não teve amparo financeiro do poder público na enchente de 2023. No entanto, recebeu muitas doações.

O quarto, a cozinha e o banheiro da casa Alves conseguiu recuperar, "o resto não dá pra habitar", afirma. Mesmo assim, ele não pensa em voltar a morar no Bairro Carneiros, mas quer manter o local para passar os finais de semana.

Alves conseguiu comprar um terreno em Santa Clara do Sul e, por enquanto, reside com a companheira.