Ainda em choque e com sentimentos conflitantes, a mãe de João Pedro Milgarejo, o único integrante da equipe de remo de Pelotas que sobreviveu ao acidente em Guaratuba (PR), diz sentir gratidão pela vida do filho, mas o pesar pela perda dos outros jovens. Sete atletas, o coordenador e o motorista do time, morreram após uma carreta cair sobre a van na BR-376 na noite de domingo (20).
João Pedro, de 17 anos, teve poucas escoriações e nenhuma lesão grave, o que a mãe Graciele Timm Nolasco atribui a "um milagre". O jovem foi encaminhado a um hospital em Santa Catarina e já recebeu alta.
"Graças a Deus ele tá bem. Ele é um milagre. Minha definição hoje é gratidão, porque meu filho nasceu de novo. Só o psicológico dele que a gente vai ter que tratar. Vai ser muito difícil", desabafa Graciele.
O desastre interrompeu a trajetória de jovens que estavam voltando de uma competição de remo, carregando no peito sete medalhas do Campeonato Nacional de Remo Unificado.
"[Estou] sentindo a dor de cada mãe, que é desesperador", diz Graciele.
João Pedro Milgarejo, de 17 anos, atleta de remo que sobreviveu a acidente no PR — Foto: Arquivo pessoal
João Pedro dedicou a medalha de ouro conquistada no Campeonato Brasileiro ao pai falecido e à mãe. O registro com a declaração do adolescente ao lado de três companheiros foi compartilhado no perfil oficial da Confederação Brasileira de Remo.
Graciele, moradora de Pelotas, está indo para Santa Catarina para encontrar com o filho. Até a tarde desta segunda-feira (21), João Pedro não sabia da morte dos colegas a pedido da mãe.
"Eu pedi para todos que não falassem nada para ele. O emocional dele vai [ficar] muito abalado", afirma a mãe.
O vínculo forte com o esporte era um ponto de união para o grupo. A mãe relembra com carinho como o remo transformou a vida do filho nos últimos dois anos, quando ele entrou para a equipe.
"A gente é uma família. O remo mudou a vida dele completamente. Ele era muito apegado aos guris. Eles tinham um compromisso muito grande com o remo, de sair às 5h30 e ir para o remo. Eles honravam muito o projeto. Era tudo. Agora eu não sei como é que vai ser", confessa.
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