Uma escola para 500 alunos foi construída por voluntários em Cruzeiro do Sul, no Vale do Taquari, uma das regiões mais afetadas por enchentes no estado desde o ano passado. Inaugurada no início de novembro, a obra foi feita em 100 dias com doações e voluntariado de diversos estados. O Ministério Público foi o intermediador das parcerias.
Atingido por três enchentes, em setembro, novembro e maio, o município perdeu três escolas e duas creches com os desastres naturais. Segundo a prefeitura, centenas de crianças ficaram sem escola, estudando em casa, nos abrigos ou em espaços improvisados. A rede municipal de ensino chegou a ficar totalmente sem aulas por um mês, depois da tragédia climática deste ano.
A ideia de construir uma nova escola o mais rápido possível, para atender essa demanda, surgiu dos voluntários que vieram para a região ajudar na limpeza de casas depois que a água baixou.
"Quando vimos que as crianças não tinham onde ficar e nem como estudar, começamos a unir forças para colocar esse prédio de pé. Foram muitas mãos, nem sabemos informar o número correto de voluntários, foram centenas. Quando perguntarem quem fez essa escola, digam que foi a união do povo brasileiro abraçando o povo gaúcho", diz o catarinense Percy Storck.
Em junho, chegaram de caminhão as primeiras chapas de madeira usadas na construção da escola. O material foi doado por empresas do estado vizinho. O secretário municipal de planejamento e também voluntário Claiton Miranda relembra a união da comunidade para tirar o projeto do papel.
"Eles vieram pra ajudar a limpar e acabaram ficando pra construir uma escola, não tem palavras pra isso. Foi um batalhão de anjos que doou tempo, material, recursos de toda parte e nos devolveu a esperança. A esperança do nosso futuro que são essas crianças", emociona-se.
A opinião é endossada por Everton Corbellini, morador de Lajeado, município vizinho.
"Foi a melhor coisa que me aconteceu, ver toda a mobilização de centenas de pessoas que deixaram suas casas, suas vidas, para estarem aqui e ajudar essa comunidade. Quando a gente esbarrava num obstáculo, aparecia alguém doando uma solução. Ainda não acredito que conseguimos fazer essa escola em 100 dias", relembra.
O prédio tem 14 salas, quase 900 metros quadrados, banheiros, refeitório, pátio com brinquedos e quadra esportiva. A escola tem capacidade para 500 alunos em dois turnos de aula. Pelo menos 200 matrículas já estão confirmadas para o próximo ano letivo.
Atualmente, turmas de duas escolas destruídas pela enchente estão estudando no local, que foi unificado com um novo nome: EMEF Nossa Senhora de Fátima.
"É o nome da igreja destruída no bairro Passo de Estrela, o mais atingido em Cruzeiro do Sul. Só a imagem da santa ficou de pé, um símbolo para nós. O nome foi escolhido porque representa a resiliência desse povo e um recomeço pra nós", afirma a diretora de uma das escolas, Cíntia Wiebbling Müller.
Parte da estrutura de escola erguida por voluntários em Cruzeiro do Sul — Foto: Gabriel Costa/RBS TV
A diretora da outra escola, Fabiane Cristini König, que foi realocada no novo espaço, também comemorou a ação dos voluntários.
"É lindo demais receber esse presente. As crianças, famílias e professores precisavam muito disso, é a nossa nova esperança. Vamos agora cuidar dela, plantar árvores, escrever nosso sentimento de gratidão e pertencimento", disse.
Ainda existem desafios na região e muito a ser reconstruído no município, mas para a aluna Ágatha Eloiza de Jesus, de 6 anos, o sentimento é de gratidão.
"Eu gosto muito da sala, das profes, dos livros, nossa escola é muito linda. Obrigado, voluntários".
Voluntários constroem escola em município atingido por três enchentes — Foto: Gabriel Costa/RBS TV
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