Há 11 anos, foi criada a campanha Janeiro Branco que, aos moldes do Outubro Rosa e do Novembro Azul, propõe conscientizar a população sobre questões de saúde. A iniciativa lança luz sobre a saúde mental e a escolha da cor faz uma analogia ao início do ano – como uma página em branco, que traz a possibilidade de um recomeço.
O tema, embora de extrema importância, ainda é pouco abordado e chega a ser tabu para
muita gente. A psicóloga Andréia Freitas, do Hospital de Clínicas Ijuí (HCI), lembra que, historicamente, se dá muito mais atenção às questões físicas. “As pessoas estão mais acostumadas a buscar ajuda para problemas visíveis, como dores no corpo e outros sintomas físicos”, diz.
Por outro lado, ignoram ou minimizam problemas como ansiedade, estresse e depressão – que são mais difíceis de identificar. “Além disso, o estigma pela busca por ajuda psicológica ainda é forte em muitas culturas, com a ideia de que é preciso ‘ser forte’ ou de que ‘não é tão grave’, quando, na verdade, a saúde mental tem um impacto direto na qualidade de vida de qualquer pessoa", completa a especialista.
Para ela, trazer o tema à discussão é fundamental, pois abre espaço para buscar ajuda e, também, reforça a importância de cuidar da saúde mental para garantir qualidade de vida. "Essas campanhas também são importantes para aumentar a conscientização, mostrando que cuidar da mente é um passo fundamental para viver melhor, ser mais produtivo e se relacionar de maneira mais saudável com os outros", diz.
*Brasileiros no topo dos transtornos mentais*
Não é de hoje que entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS) elencam o Brasil como uma nação com um número altíssimo de indivíduos com transtornos mentais, como ansiedade e depressão. O problema é multifatorial, aponta Andréia, e tem relação com o ritmo de vida acelerado, pressão no trabalho e estudos e, sobretudo, questões sociais e financeiras. Somado a isso, observa a psicóloga, a falta de acesso a tratamentos e o estigma contribuem para esse cenário.
Ter uma saúde mental adequada não é uma tarefa difícil, mas adotar alguns hábitos simples pode ajudar, como ter uma rotina equilibrada, com horários determinados para trabalho, lazer e descanso; praticar atividades físicas; manter uma alimentação saudável; dormir bem; e manter relações saudáveis, elenca Andréia. A psicóloga também indica o que evitar:
• *Ficar muito tempo sem descanso:* trabalhar ou estudar demais, sem pausas, pode sobrecarregar a mente e aumentar o estresse;
• *Isolar-se:* evitar o contato com amigos e familiares pode aumentar a sensação de solidão e ansiedade;
• *Alimentação inadequada:* comer de forma desregrada, com muita comida processada, açúcar e gorduras, pode afetar o humor e a energia;
• *Ficar obcecado com problemas:* pensar constantemente nas dificuldades sem tentar resolvê-las pode gerar mais ansiedade e estresse;
• *Sedentarismo:* não praticar atividades físicas regulares pode afetar a liberação de substâncias que melhoram o humor, como endorfina e serotonina;
• *Excessos nas redes sociais:* passar muito tempo nas redes pode aumentar comparações, ansiedade e estresse.
Ainda assim, em caso de sintomas como mudanças no humor, como tristeza constante, ansiedade excessiva ou irritabilidade, dificuldades em lidar com as tarefas diárias, como trabalho ou estudos, e problemas para dormir ou comer, é importante buscar ajuda de um profissional. “Cuidar da saúde mental é essencial para viver melhor e superar os desafios da vida”, finaliza Andréia.