As urnas eletrônicas são uma realidade em nosso processo eleitoral desde 1996, fazendo do Brasil um dos poucos países do mundo que utilizam essa tecnologia de forma eficiente, confiável e, acima de tudo, segura. Mesmo não tendo sido o primeiro país a adotar o dispositivo, estamos entre os que mais investem nas urnas eletrônicas, ficando muito a frente que várias potências tecnológicos em termos de segurança da informação no processo eleitoral. Tanto por isso, o Brasil serve como exemplo de boas práticas para outros países que também utilizam urnas eletrônicas, e tantos outros que estudam sua implementação.

Como estamos em ano eleitoral e as eleições já estão logo aí, o TechTudo preparou uma matéria especial utilizando levantamentos recentes do Instituto Internacional para a Democracia e a Assistência Eleitoral (IDEA), trazendo quais países do mundo já utilizam urnas eletrônicas em seu processo eleitoral e em quais tipos de eleição. Também esclarecemos mais sobre quais outras modalidades de votos digitais são mais utilizadas, além de outras tecnologias adotadas para aumentar a segurança e agilizar a apuração de votos em eleições em outros países.

De 178 países com sistemas de governo com voto democrático, 34 deles, cerca de 19%, já utilizam algum formato de votação digital, mas não necessariamente com urnas eletrônicas. Em países como os Estados Unidos, por exemplo, a legislação varia conforme o estado, então não há um consenso nacional para o voto digital. Mesmo entre os estados com urnas eletrônicas existe divergência, com alguns deles utilizando urnas que imprimem os votos para que sejam depositados em urnas físicas, e outras com registro digital e impressão apenas do boletim totalizado.

Países que utilizam sistemas eletrônicos de votação — Foto: Reprodução/IDEA

Outros 27 países já estudam estratégias para implementar votação eletrônica, mas com alguns deles já em fase de testes, geralmente conduzidos em eleições menores. De maneira geral, a maior barreira para uma implementação ampla de urnas eletrônicas é, justamente, garantir a confiabilidade dos votos, sem comprometer o anonimato dos eleitores. No caso do Brasil, isso é possível, pois o registro de eleitores é digital e caminha cada vez mais para validação biométrica na totalidade dos cadastros. Sendo assim, o TSE consegue assegurar a validação dos eleitores que votaram e se ausentaram, sem que sejam necessários votos impressos identificados, como ocorre em algumas urnas eletrônicas dos EUA, utilizando apenas o boletim da seção eleitoral.

Como o direito ao voto anônimo é uma das bases fundamentais do processo democrático, ter rastros em papel que possam, eventualmente, identificar o voto de eleitores esbarra em questões legais, que só poderiam ser prevenidas com um cadastro eleitoral similar ao brasileiro. Tanto por isso, 11 países, entre eles Alemanha, Áustria, Romênia e Finlândia, adotaram temporariamente votos digitais e abandonaram por não dispor de um sistema eleitoral adaptado para garantir a segurança, confiabilidade e anonimato das eleições.