Encerrado na manhã deste sábado, 23, em Garibaldi, na Serra Gaúcha, o 2º Congresso Cerealista Brasileiro, reuniu especialistas e empresários, deixando como grande legado o debate sobre o futuro da soja no Brasil. Entre os vários painéis do evento, promovido pela Associação das Empresas Cerealistas Brasileiros (Acebra), o tema esteve presente. O grão é o principal produto agropecuário exportado pelo Brasil.
No painel "100 anos da soja: o futuro da produção brasileira no cenário global", foram apresentadas inovações, desafios e estratégias que deverão moldar a produção nos próximos anos. O diretor executivo da Bayer, Fernando Prudente, destacou a importância do investimento contínuo em tecnologia para o avanço da agricultura brasileira.
"Temos um grupo de agricultores produzindo acima de 100 sacas por hectare, o que mostra claramente o impacto positivo que a biotecnologia pode ter", afirmou Fernando Prudente.
Prudente ressaltou que os saltos de produtividade dos últimos 30 anos coincidem com o lançamento de novas biotecnologias, e que, um ambiente seguro para investimentos, estabelecido com a aprovação do Marco Regulatório na década de 1990, foi crucial para a continuidade dos investimentos no país. Desta forma, ele projeta que, com o avanço da tecnologia, a produção de soja apresenta um grande potencial de crescimento no país.
Para o economista especializado em Relações Internacionais da BTG Pactual, Jean Miranda, há um cenário otimista para o Brasil, com grandes chances de avanço na exportação, diante da guerra econômica entre Estados Unidos e China.
“A redução anual de milhões de toneladas de soja e milho exportados dos EUA para a China abre uma grande oportunidade para o Brasil”, explicou Jean Miranda.
Com a eleição de Donald Trump para um segundo mandato, cresce a possibilidade de haver um recrudescimento no enfrentamento entre os dois países, beneficiando o Brasil.
Por outro lado, o presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Meloni Nassar, discutiu a necessidade do controle de origem na cadeia de produção de soja, uma exigência cada vez mais forte dos mercados europeus.
"O mercado europeu quer soja sem desmatamento e que cumpra a legislação brasileira. Precisamos levantar e organizar informações para atender essas demandas, o que torna o processo mais custoso e burocrático, mas essencial para a competitividade global", enfatizou André Nassar.
Já o CEO da SLC Máquinas, Anderson Strada, também ressaltou a importância da tecnologia e do uso de dados no setor agrícola.
“Os equipamentos agrícolas modernos permitem uma gestão precisa de recursos, como sementes certificadas e defensivos, resultando em maior produtividade. No entanto, a taxa de utilização das novas tecnologias ainda é baixa, diante do desafio que nós temos aqui no RS, onde tivemos a seca e as enchentes. Nós temos que treinar pessoas para fazer com que essa tecnologia se comunique cada vez mais no agronegócio”, disse Anderson Strada.
Diante de todos os pontos levantados pelos especialistas, Prudente ressaltou, ainda, a importância de trabalhar com a nova geração, para garantir a continuidade do legado de inovação e sustentabilidade.
"O Brasil se tornou o maior exportador de soja do mundo. Temos a agricultura mais sustentável do mundo e devemos continuar a investir em tecnologia para manter nossa posição global", concluiu o diretor executivo da Bayer.
Para o presidente da Acebra, Jerônimo Goergen, a combinação de todos os painéis deixaram uma avaliação positiva do crescimento do Congresso Cerealista.
"Debatemos o futuro da soja, biotecnologia e agregação de valor, que são marcas do nosso congresso. Também vimos o nascimento de movimentos voltados para mulheres e jovens, essenciais para a sucessão nas empresas", afirmou Jerônimo Goergen.
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